terça-feira, agosto 14, 2007

Aê Thiago, um poema que me mandaram quando eu
estava indo viajar...
Murilo


Quem morre?

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não
ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem
não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do
hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma
nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o
negro sobre o branco e os pontos sobre os “is” em
detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as
que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está
infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir
atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma
vez na vida fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da
sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de
iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que
desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre
algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre
que estar vivo exige um esforço muito maior que o
simples facto de respirar. Somente a perseverança fará
com que conquistemos um estágio esplêndido de
felicidade.

Pablo Neruda

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